31.5.07

Guardanapo



Acordei! Malditos pesadelos! Acordar no meio da madrugada e olhar as horas, ação automática e pouco feliz. 3:37 AM (Ai, Merda). É só olhar no relógio e pronto, o sono vai embora. Acendo a luminária, a luz avermelhada desperta as silhuetas noturnas. A Mari de pelúcia, deitada no meu peito, olhos grandes e brilhosos em minha direção. Pêlos longos e metidos ajudam a me indagar: você também perdeu o sono? Tenta me devolvê-lo com um olhar hipnotizante, mas, em vão.

A sensação ruim deixada pelos sonhos preenche o vazio da noite. Meus pensamentos fogem em direção aos seus olhos, ao seu sorriso, que ficaram cravados em mim, como tatuagens. Preciso do seu abraço, da sua voz. Mas é tão tarde...

Olho pro lado e lá está, tingido de vermelho pela luz, uns inscritos em guardanapo, trouxe do último jantar. Vejo minha letrinha azul, a primeira, U, refoçada três vezes, até quase formar um vinco no papel, na tentativa de fazer a tinta descer pela ponta da caneta. “Um sol no meio do céu noturno”. Ao ler, ouço sua voz na minha mente. Sinto seu calor, suas mãos, como se tivessem escrito neste pedaço de guardanapo roubado de um bar. Finjo acreditar que você escreveu pra mim, justamente para este momento “Um sol no meio do céu noturno”. Você me trouxe o sol pra me confortar nesta madrugada insone. Não tenho seu corpo para apertar contra o meu, nem sua boca pra me dizer “te amo”, quase que em silêncio, apenas com o toque dos seus lábios nos meus, envoltos com o calor de seu hálito. Mas, mesmo assim, você está em mim, na minha pele, no meu coração, iluminando meu céu noturno com seu olhar, o sol, preenchendo todas as minhas horas.

E, então, minha alma se aquece, aquieta-se... e o sono vem, tranqüilo... me recolhendo aos meus aposentos!

30.5.07

É tempo...

É então deixar pousar a cabeça sobre o travesseiro da compreensão e permitir-se soltar a mão para fora da cama em sinal de capitulação. Nada mais a fazer depois de semanas plantarem fundo um impenetrável e intransponível muro, e transparente, pra não esquecer que a dor se fará sempre presente.

Não pensar nos telefonemas e nas cartas que não vieram, apenas desfazer-se dos ternos registros, não-raros, enviados em apenas três estações. Não serão mais necessários. Cada linha do corpo trará consigo as marcas inteiras de abraços sinceros, de mãos molhadas em carícias, as vozes contidas que cantavam um querer de amor eterno... Infinitude de vontades evidenciadas em olhares fugidios, mas bem sabidos da hora de se buscarem.

Os olhos... Agora fechados a fim de não mais se quererem.

29.5.07

Brevíssima explicação

Só Cazuza me acode: prendendo o choro e aguando o bom do amor.

26.5.07

Que dez, que cem, que mil... miríade!

Saudade não é exatamente ausência.
Saudade não é um sentimento que sobrepõe a razão. Não, não é. Eu também não conseguiria descrevê-la em um punhado de palavras.
Madrugada a dentro com Caê na tv cantando [linda] London London e ele é demasiado Bahia, não seria diferente: lembro-me de casa. Início de saudade e nostalgia.
Devo algumas desculpas por ter sido relapsa e ter deixado que a ti, amiga querida, faltasse um bocado de minha atenção e dos meus cuidados.
Parte da saudade é tua, dos tempos em que erámos confidentes incondicionais. Mas mudamos, mudei. Talvez um dia entendas os meus 'porques'. Só o sentimento não mudou, amo-te um amor de amiga mais querida do mundo.
Por ora, outra pessoa, aquela mesma que detém todo o amor imensurável que guardo comigo, é reponsável pelo aperto no coração. E quem disse que eu planejei isso? Cada segundo longe de ti é uma tortura, porque é como se eu já sentisse teu abraço... um misto de segurança e desejo. Quero-te um desejo mais absurdo do mundo e não menos te amo.
É como se tivessem abdusido-me a alma e agora ela te pertencesse.
Não, a saudade não sobrepõe a razãoe eu não vou conseguir descrevê-la em dez palavras.
Que dez, que cem, que mil... miríade!

24.5.07

Enquanto Isso

Enquanto isso, continuo vítima de uma sensibilidade absurdamente exagerada. Continuo intensa! Enquanto isso, continuo parte da minha família, continuo muito de minha mãe, continuo tentando muitas coisas da minha vó . Continuo muito falar, pouco escutar... enquanto isso, continuo nada paciente, sou ainda muito companheira! Sou ainda cumplicidade, saudades, eterna apaixonada por TURISMO, continuo comilona, sou ainda trufa de chocolate com recheio de chocolate! Sou ainda carente-crônica, enquanto isso sou paixão, sou ainda emoção, tentando a razão do meu amor. Sou ainda mimada, continuo anti-cigarro, sou mais letras de músicas de Marisa Monte, sou mesmo cantarolante de músicas "bregas". Enquanto isso, aprendi a lealdade de minhas amigas e a politicagem dos meus colegas! Com minha vó aprendi ainda que quero que o tempo seja eterno...com meu vô aprendi que ele não é. Sou ainda abraço forte, sou ainda rosto com rosto. Perfume? Simmm!!!Fotografias? Também!! Bolsas, cremes e calças jeans? VÍCIO! Fronhas para o meu travesseiro? AMO! Canetas coloridas? É o que há! Aprendi mesmo que crescer nem é tão bom, mas é preciso! Um mês de viagem igual a um ano de faculdade! Mas mesmo assim, ser BAIANA é a melhor coisa do mundo! e não existe lugar melhor que a BAHIA! Sou mesmo CHICLETEIRA, sou mesmo IVETEIRA... eu nasci pro axé. Agora quero cultura, quero ser livros e projetos! (tentando fazer o meu melhor). Enquanto isso, sou festas infindáveis com tragos memoráveis...Sou ainda risada! Alegria! Compulsão! Sou aquela mesma de loucuras e 5 minutos de melancolias e choros intensos... Sem ainda nunca me acomodar, penso que tenho o que quero, pessoas maravilhosas, uma casa que me aconchega, uma família que pra mim é perfeita (do meu jeito), um amor que entende minhas mimadisses, uma amiga que entende meu ciúmes e que me faz feliz, minha profissão me completará. E, enfim...
Enquanto isso, vou vivendo.

".. o meio-dia acontecendo em pleno sol
seguido da manhã que correu
desde muito cedo"

22.5.07

Entender para viver melhor

Quando eu era pequena, sonhava em ser tudo: escritora, pintora, atriz, médica, astronauta, professora, repórter, inventora, fotógrafa, psicóloga. De menina a moça, tantas mudanças... mulher. E nem tudo o que eu sonhava ser eu consegui. Ser mulher, às vezes, é chorar e rir ao mesmo tempo. É ter certeza e, logo em seguida, mudar. E mudar é mesmo maravilhoso.
Sabe aqueles momentos que você se olha e percebe que falta alguma coisa?

Pois é, falta até o terminar deste fragmento.

Madrugada Severina

Ai, não pude resistir... tomei emprestado esta maravilha... mais delirante que ler é ouvir... na voz do Ney então...
Eu recomendo, para qualquer pessoa que queira sentir o peito se encher com sons e, ouso dizer, cheiros desta bela noite.

Corre calma Severina noite

De leve no lençol que te tateia a pele fina

Pedras sonhando pó na mina

Pedras sonhando com britadeiras

Cada ser tem sonhos a sua maneira

Cada ser tem sonhos a sua maneira

Corre alta Severina noite

No ronco da cidade uma janela assim acesa

Eu respiro seu desejo

Chama no pavio da lamparina

Sombra no lençol que te tateia a pele fina

Sombra no lençol que te tateia a pele fina

Ali tão sempre perto e não me vendo

Ali sinto tua alma flutuar do corpo

Teus olhos se movendo sem se abrir

Ali tão certo e justo e só te sendo

Absinto-me de ti, mas sempre vivo

Meus olhos te movendo sem te abrir

Corre solta suassuna noite

Tocaia de animal que acompanha sua presa

Escravo da sua beleza

Daqui a pouco o dia vai querer raiar


Composição: (Lula Queiroga / Pedro Luís)

Tiras








Come logo se não esfria.
Karmox

Isolamento

No cerne da solidão, ouço um silêncio surdo, um movimento moroso e dolorido, que vai corroendo com paciência todos os meus sentimentos.

Quero sair de mim, abandonar meus sentidos, no seu isolamento total, devorá-los sem deixar uma migalha sequer para que eu não sinta dissolverem-se na angústia e cumprirem seu destino de se entregar à solidão.

Letras indignadas que brotam de dentro de uma sala úmida, fria e escura, numa terça-feira de luar pré-quarta-feira. Formam textos amarelados, como se verá. Líquens na tela. Por ora, é isso.