19.3.08

Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus, solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você...
Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar...
E nós embarcaremos logo rumo à nossa vida, verás.
P.S.: Demasiado Caio F., rs.

13.3.08

.alecrim&hortelã.

"Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços -você ocupa um dos lugares mais bonitos."
São Paulo, 12 de janeiro de 1982.
.
"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim."
.
"...Só não saberás nunca, que nesse exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista, que só repara na ausência da rede após o salto lançado..."
Natureza viva - Morangos Mofados
.
"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias."

7.3.08

de-lí-cias-o-cul-tas


...de volta à vida.

Caio F.

"...Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade."


3.3.08

Com descuido e alguma pressa....

No pós-retorno-à-vida-de-antes, decobri:
* tenho um pai mais tolerante do que eu pensava;
* tenho menos amigos do que eu imaginava;
* Morangos Morfados é o suprasumo do Caio Fernando;
* sim, eu sou viciada em Caio Fernando Abreu;
* eu torço pelo melhor time de futebol do mundo;
* eu odeio com todo poder que me foi condido lan houses e afins.
* Nada de Administração, nem Contábeis... gosto da Atividade Turística e é o que farei pelo resto da vida, semestre que vem um novo recomeço;
* eu sou cheia de saudade!!!
* Gislane fica melhor morena do que loira, e eu também (segundo ela mesma), hahahaha.
* em Petrolina existe um sol para cada pessoa, eu juro.
Chega, tô passando com discuido e alguma pressa. Eu prometo alguns escritos até o fim da semana.
Estavam juntos um dia e no outro. No outro continuavam mantendo a aparência de quem não consegue dizer basta. E andavam muitas vezes juntos, andavam andando de carro, de táxi, de ônibus, carona, lotação, de cabeça cheia, esvaziando a rotina besta do dia-a-dia em frases deconcertadas de bom dia e boa noite. E seguiam uma outra rotina, essa interna dos relacionamentos e interna daqueles relacionamentos que não existem, mas como uma perna amputada ainda insistem em coçar, doer, criar fungos e feridas. Não trabalhavam juntos, não produziam nada, não tinham entre eles filhos, cachorros, gatos, contas, prestações, não tinham nenhum laço, fita, barbante, nem um único fio de cabelo esquecido em uma fronha pouco usada, tinha sobrado. Acendiam como holofotes as lembranças doloridas de que tiveram alguma coisa e alguma coisa que puderam chamar de relação, de namoro, de amor, e como ele mesmo insistia como um presidiário batendo a fronte nas grades, nunca mais seria possível com mais ninguém, pois se era um estilo de vida, se era um completar-se, se era um projeto, sonho, querer, bem ritmo, bem típico, bem querer, companheirismo, sintonia... como é que poderia? Nunca era a palavra, nunca com outra pessoa, aquilo não, nunca mais... tão bom, tão certo, tão único, tão completo... nunca mais. E da aparência iam vivendo, respirando, mastigando, engolindo. Da aparência iam sendo outros de outros e de mais outros, mas nunca únicos. Iam apenas indo, de carro, de moto de ônibus, de carona. Iam normalmente, assim, de carona. Abandonados do seu próprio barco. Iam de carona sendo guiados por outras mãos que não lhe deixassem voltar.