E em dias belo, acordei não vendo a rua que faz barulho do lado de fora da minha janela, mas adivinhando a vida que faz barulho do lado de fora da minha janela, fico me perguntando, como fez a Hilda H., por que o amor me comove tanto?
Acordei e nem abri as persianas. As persianas não, as cortinas amarelas, e essa foi uma das manhãs que desejei que fossem persianas. Então, sentei na cama, um suspiro e alguns olhares, muito séria e compenetradinha a observar você dormir. Me pus a arranjar este texto. E este post deveria chamar-se "em todas as portas", mas eu mudei. E ainda nem sei se gosto. Talvez um dia chegue a... talvez, simplesmente, coloque fogo e...
Terça, ônibus jampa-recife, pensei um tanto enquanto minhas pernas congelavam com a temperatura, eram todos os graus negativos do mundo que fazia ali. Pensei em frigoríficos. Aquilo parecia uma câmara frigorífica e nós todos, passageirantes, carnes para consumo. E não somos isso, eu quero dizer, nós pessoas? Ah, somos.
Mas no meio de todas as abstrações, tive tempo de dar fim a algumas dezenas de crônicas, crônicas do Rubem Braga, boa pra nós. Li, procurando o discurso indireto livre. E mesmo não encontrando em demasia (pelo menos na edição que eu carregava, reinou o velho discurso direto), foi deleite. Nessas, de conhecer mais o Rubem Braga, busquei nele coisas que coubessem aqui, para ti. Só me veio o Caio F., esse sim, instância discursiva pra nós.
Comentarei as crônicas, um dia quem sabe. Mas esse resgistro (creio que mais para mim mesma) é pra falar do quanto esses dias foram ÚNICOS e contribuiram sobremaneira para essa marteladinha no globo ocular que carrego, esse olhar tão brusco para um mundo que, mesmo sendo difícil de admitir, comove-me tanto, dessa (tua) cidade tão linda que já me é, dessa vida que a gente já tem.
Obrigada pelas maravilhosas sensações!