"...Eu conheci razoavelmente bem Clarice Lispector. Ela era infelicíssima, Zézim. A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sangrada de tudo. Te falo nela porque Clarice, pra mim, é o que mais conheço de GRANDIOSO, literariamente falando. E morreu sozinha, sacaneada, desamada, incompreendida, com fama de “meio doida”. Porque se entregou completamente ao seu trabalho de criar. Mergulhou na sua própria trap e foi inventando caminhos, na maior solidão. Como Joyce. Como Kafka, louco e só lá em Praga. Como Van Gogh. Como Artaud. Ou Rimbaud."
Então que mais me vale ler Caio F. e o mofo dos morangos. Então que eu leio, sabe, leio porque ler me alimenta a alma, mas isso é só clichê velho e barato, baby.
Me perguntaram dia desses porque eu metia a deletar posts passados e eu nem soube responder. Apenas apagava como se isso, assim simples, fosse tirar da (minha) memória cada segundinho vivido. Mas não tira. Nunca tira.
E daí que eu me prometi não apagar mais nada, ainda que os valores sejam outros, ainda que os amores estejam gastos e desusados. E estão.
Não adianta revirar, minuciar, tecer comentários. Tá tudo vivido. Diálogos foram ditos, escritos, sexo feito e refeito, prazeres trocados e sentidos. Delícias e sabores amaríssimos. Tudo feito. Eu não me meto a apagar nada, nem por todas as cifras do mundo. E eu não me conheço?! E eu não conheço esse filme? E eu não já sei qual é a continuidade desta cena?!
Pois bem, blog. Lembra que um dia, aqui mesmo, sentadinha, do alto dos meus 1.65m (nenhum centímetro a mais, rs), eu disse entre lágrimas mudas e lamentos inconsoláveis que não usaria nenhuma linha mais pra discorrer sobre.
Acima, trechos da carta do Sr. Caio Fernando Abreu ao amigo jornalista e aspirante a escitor, adorei. Fugindo da "compreensão sangrada". Líquens na tela. Um show, outro show e tudo estará resolvido, afinal é MAIo... rs!
Bom, tem um tanto de coisas pra colocar aqui, um tanto.
Té mais.