30.6.08

Senhor "anônimo", não vou ficar nessa brincadeira de esconde-esconde.
O telefone taí, e eu entro vezenquando no msn. Duas coisas: ou a gente tem horários incompatíveis ou eu já lhe bloquiei/excluí há tempo, rs.
Então, me deixe recados-comentários-e-mail's identificando-se ou vá procurar uma lavagem de roupa que dá mais futuro, okay?

29.6.08

Senhor "anônimo" do post anterior, fiquei curiosa, não sei do que se trata a conversa, mas também não é racional colocar aqui meu número de telefone... e quem disse que eu sou racional?!?
(87) 8836 ****
Nada de me pedir dinheiro emprestado, okay?

27.6.08

"Cá entre nós: fui eu quem sonhou que você sonhou comigo?
.
.
Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto."

Por traz da vidraça / Pequenas Epifanias.

27.06.2008

Tenho quase uma semana de posts atrasados na cabeça. Tenho também três contos começados. Dois pelo meio. Um desenho virado em rabisco.
Tenho uma admiração que começou há poucos dias e está também alí, esperando. Tenho uma outra solução, está debaixo da manga... só aguardando que. Um pedido de desculpas para ser usado na hora certa e duas frases entre sorrisos e beijo leve na ponta dos lábios (essas, que talvez não use nunca).
Tenho um amor em estado de espera.
Tenho alguns projetos e orçamentos aguardando aprovação.
Outros livros para ler, daqueles de quem sabe um dia. E-mail's para escrever, todos eles assim, completinhos, da saudação aos beijos, prontos entre as costelas.
Tenho uma lista colada na porta da geladeira, e esta aguarda uma próxima terça-feira ao lado de um número de telefone que espera pela coragem.
Me coçam os dedos quando penso em um nome. Timidez sempre que penso em discar. Sorrio enquanto releio algumas linhas e sorrio mais ainda enquanto adivinho cada expressão. Todas esperando para serem entregues, com sorte ainda neste inverno.
Tenho apreciado a maneira como as palavras me vêm, e vertem, e revertem, e se revestem em s.u.a.s percepções.
Tenho.
E do que é? Do que anda? Da vida? Vai ser quando?

23.6.08

Uma outra de amor.

Trilha sonora: Ela Une Todas As Coisas - Jorge Vercilo.

Não se tocar, não pedir um abraço, não ri, não dizer nada,
não pedir ajuda, não dizer que estou ferida,
que quase morri, fechar os olhos,
ouvir o barulho do mar, fingindo dormir,
que tudo está bem, os hematomas no plexo solar,
o coração rasgado, tudo bem...
Caio Fernando Abreu
Pedaço de mim, metade afastada de mim. Sonhando eu sei lhe pertencer mas é acordada que eu posso lhe pertencer. Então, eu havia me prometido e te falado tantas vezes que faria sempre tudo (e tudo ao máximo) e sempre tanto e que todas as essas coisas haveriam de ser grandes e fortes e que marcariam para sempre, sempre você me fez entender, entre um suspiro, entre um espasmo, e eu já deveria saber que a impossibilidade brincaria de destino.
Mas eu tenho ciúmes.
Foi por isso que você ficou em mim tão forte e tão breve. Dizendo com a mesma naturalidade de antes que não era necessário haver ciúmes, um feixo de palavras duras. E eu vi, você ali indo ao máximo e sendo grande na consciência que tudo ficaria, sim, resolvido. Uma marca escura, uma marca funda, uma marca que a gente não esquece porque queima não em dor, mas queima em existir.
Não, não é cobrança.
E do mesmo jeito com que eu não entendo como tudo é tão bom contigo e como pode ser assim, eu te desejando tanto, fiquei solidificada, tentando ouvir o quanto, ou como que. Esforço que me consumia e a consciência, (a consciência mais dura dos que já vivenciei e me deixo esquecer) de que trocaria de vida. Eu que sou assim só sua e queria ser assim somente. Sem outra coisa, sem outras pessoas. Porque não escolhi com intenção de ter e sim de pertencer a algo maior, tão maior, que eu prendia o ar para conseguir mergulhar tão fundo. As palavras que vão tomando forma e me dando medo, um medo tão gigante, de não saber, e eu juro para você que não consigo saber, o que você pensará de tudo isso. Porque eu moro errado.
A minha geografia está errada!
Sem entender se era por impulso que você tinha me pedido para me ter. Se você tinha sonhado todas as coisas que eu tinha imaginado. Se por impulso tinha me dito todas as coisas que eu tinha tomado como tuas verdades. Se a sua impulsividade nada mais é que um jeito, e um jeito sem cor, mas um jeito seu, de ter todas as coisas da vida como se fossem as últimas coisas da vida, não importando se para outros elas eram as únicas, porque para você, irremediavelmente, tantas poderiam parecer.
Agora eu também já não sei. Os desejos tomaram outra forma, como se só aqueles versos que conheço na voz de Renata Arruda explicassem "...mudou tudo no amor, outra cara... O que antes eu não entendia agora é ouro pra mim".
Desambiguando o amor , posso dizer que por amor lhe sou. Porque quem é, e é por amor, não por simples desejos, quem é por amor e por entrega, por carinho, por um afeto pequeno de cafuné, quem é assim, sem nenhuma pretensão de ser, trilhando uma saída, um jeito mais sutil (ou pelo menos mais digno), pode-se dizer que é verdadeiro.
Eu tenho saudades de coisas que eu nem se quer experimentei.
Continuarei voando (mesmo sem asas) até você.

22.6.08

Manuscritos a uma Margarida.

"...Eu vou partir
Pra cidade garantida, proibida
Arranjar meio de vida, Margarida
Pra você gostar de mim"
Vital Farias.
Por onde estás a andar que não te encontro, Margarida? Cada vez mais me afasto de ti e cada vez mais me empurras para longe. Sinto as tuas mãos, duas mãos no meu peito, um desses objetos de tirar para lá aquilo que não presta mais por aqui. Comecei a te perder nos dias que não vi você e por isso arregacei as mangas e não vacilei em remexer, atolando até os cotovelos, na merda desse universo para te procurar. De que adiantou? Continuo a perdê-la cada vez que chamo teu nome, Margarida. E é impossível não repeti-lo, vezes, vezes e vezes pelos minutos, já que as sílabas dançam nas melodias que compõem a trilha sonora dos dias e fazem versos que algum poeta insone deixou pelos muros.Sem descanso, a se afastar de mim, Margarida. Talvez, percebeste que mesmo sem te saber, não esqueci de te desejar. O desejo não precisa ver para ser visto e muito menos falar para ser ouvido. Sussurrei meu desejo por ti, mas tu te espantaste como se eu gritasse em desespero. E nem me deste tempo de explicar que nenhum desespero havia. Que irônico. Justo o tempo. O tempo que tanto esperamos e que tu tanto reclamaste faltar tanto. O mesmo que prometi encurtar para nós, quem sabe dando umas tesouradas nos dias. O tempo que nunca foi tão escasso, o momento agorístico nunca pareceu tão oco entre nós. Se eu pudesse voltar uns instantes, Margarida, engoliria em seco a ansiedade de não saber notícias suas e esperaria de mãos dadas com esse tempo, que ao longo da espera passou a ser um conhecido, desse tipo de conhecido que nunca aprendemos direito como lidar.Fato é, Margarida, que não teria nunca saído a perguntar por ti, muito menos a arregaçar as mangas e sujar os braços com a merda do universo. Acontece que não posso mudar o passdo; só o futuro muda, sim, o passado... o instante. Pensando no que aconteceu, vejo esse amontoado de equívocos entremeados em um punhado de sentimentos.
Não estou me absolvendo de nada, Margarida: longe disso. Admito todos os meus equívocos, porém, admito também que te amava. Ainda dormi te amando a noite passada, e acordei ainda a te amar essa manhã. E desculpa por admitir, mas ainda te amarei nos dias que virão. E talvez seja com essa pergunta que eu acabe por te perder: O amor está a me afastar de ti, Margarida? O amor. Tão pequenina palavra, tão robusta corrente que prende as coisas afastadas que inevitavelmente deveriam estar juntas.

17.6.08

Um post muito longo.

Queria mandar um e-mailzinho para todas a gente que, de um jeito ou de outro, me enche o saco. O tipo de pessoa que não colabora, entende? O mesmo tipo que não faz a menor questão de absolutamente nada, nem mesmo de estar aí para o universo, quanto mais para mim que estou aí para elas. Existem alguns níveis nesse e-mail. Embora o recado pudesse ser um só.
Existe aquele tipo que ultrapassa os limites, mas ao mesmo tempo não se importa com isso devido ao nível fútil e raso da relação. Porque me conhece quase nada, ou apenas conhece um about me que anda por aí em perfis do orkut e afins, e insistem em achar que, de fato, sou eu.
Também há os filhos.da.puta non sense. Com certificado Inmetro para sacanagem, onde eu entro como mais um nome na lista das pessoas que eles farão de bobas, tomarão um tanto do tempo, não darão a menor importancia para o esforço em manter algo bom e todas aquelas coisas que, infelizmente, de uma maneira ou de outra, todos nós já sabemos como é.
Depois, tem a lista dos doentes, desvairados, loucos, que precisam de tratamento, sei lá... Seriam, em um clichê, dignos de pena. Não tenho pena, coisa mais horrorosa sentir pena. O sentimento correto, talvez, fosse compaixão. Mas, francamente? Também não tenho nenhuma compaixão. Nada a ver com aquela conversa de “quando que eu preciso, ninguém tem compaixão por mim”, afinal, compaixão deve ser um sentimento intrínseco. Só que, assim, colocando a coisa politicamente correta no espaço, não sou altruísta a esse ponto, muito menos tenho disposição para compaixão all fucking time.
Junto com esses, poderia até adicionar aqueles que não tem desvio de caráter, não são doentes, nem são maus, tem um nível de relacionamento razoável comigo para saber o que estão fazendo, mas mesmo assim não conseguem se conter e, em determinadas ocasiões, são podres – mesmo que nunca se dêem conta disso. Por muita sorte, esses são poucos, porque a vida me ensinou que com esse tipo, mais do que com todos, só existe um jeito para lidar: clicar com o botão direito do mouse e excluir. Depois não pode esquecer de esvaziar a lixeira, porque têm alguns que são tipo vírus e voltam. É humanamente impossível manter uma rede de relações com pessoas que você não sabe quando vão lhe cuspir no olho (porque na verdade, nem elas sabem).
Assim como a falta de compaixão, com o tempo, acabei por adquirir uma total falta de paciência para tentar desenhar para as pessoas que não conseguem enxergar, o mal que elas próprias geram.
Creio que esse instante aconteceu, porque me dei conta que eu mesma não era nenhuma santa. Por isso, mesmo involuntariamente, vezenquando também fazia/faço coisas ruins. E isso pode parecer muito idiota, muito simplório e estúpido também. Vocês podem pensar: grande coisa, todo mundo é assim: tem esses dois lados. O lance claro-obscuro. Vamos é parar de ingenuidade, afinal, esse papo claro-obscuro-do-Ser é muito lindo se todos fossemos orientais. Mas, como bons ocidentais que somos, mesmo sabendo da ambiguidade, a escondemos. Ou seja, a maioria das pessoas tende omitir que conhece o seu lado podre.
Eu podia não ter dado a mínima para isso. Ter continuado a viver do mesmo jeito, como quando tinha oito anos. Se temos oito anos e chamamos o vizinho de gordo, afinal, ele é gordo mesmo, estamos apenas sendo sinceros, não é mesmo? É. Apesar de achar divertidíssimo brincar numa piscina de bolinhas, não tenho mais oito anos; e bem, se meu vizinho é gordo, isso é problema dele. Ou pode nem ser um problema para ele. O que eu tenho a ver com a vida do meu vizinho? Aliás, o que meu vizinho tem a ver com esse texto?
Só queria dizer que optei por ter um pouco mais de cuidado. É claro que não virei a Madre Teresa de Calcutá. Só tenho um pouco de cuidado com aquilo que existe ao meu redor. Isso inclui pessoas. Essas mesmas para quem gostaria de mandar o e-mail, as mesmas que me enchem o saco, as mesmas que não fazem a menor questão de dispensar um pouco de atenção para as relações que estabelecem com outras pessoas.
A outra opção que fiz, hoje e agora (porque a opção anterior já faz alguns anos), foi de não mandar e-mail nenhum. Se eu tivesse muita sorte, em uma lista de 30 pessoas, apenas 29 iriam se ofender. Isso se eu tivesse sorte e eu não sou uma pessoa sortuda.
Geraria um drama, que partiria para ofensa. Criticar pontos específicos do comportamento de alguém pode ser o mesmo que iniciar uma briga. Porque é assim que as pessoas encaram quando você diz: não gosto disso que você fez/faz para mim. Isso me faz/fez mal e me magoa. Não gosto disso em você, é feio ou ruim. Mesmo que não seja em tom áspero. Mesmo que não esteja falando da pessoa em si, mas de algo muito específico em seu comportamento, você é visto como alguém que costuma apontar o dedo por aí, soltando gotículas aos gritar: “você é um grande demônio e aposto que na outra vida foi algum nazista e eu um pobre judeuzinho que você atirou na câmara de gás”.
É incrível a impossibilidade do ser humano de expressar exatamente o que sente, e isso acontece em todos os lugares, em diferentes níveis. Entre o ato de falar e o ato de ser compreendido existe um espaço tão imenso e acredito que cada dia as pessoas estão mais e mais distantes uma das outras aumentando esse precipício, que a interpretação do que é dito chega ao ridículo. Quem diz o que sente vira maluco, traidor, míope, ou qualquer coisa do gênero.

10.6.08

Noventa.

Ai, muitas coisas nestes oitenta-e-nove que passaram.
Tratei de (re)ler antigos escritos.
Inacreditável, menos de uma semana e já tinha ganhado um daqueles comentários compridos e indecifráveis.
Eu escrevi sobre pessoas... no fundo, tudo foi um grande parentêses. O que importa é que já seria um triunfo terminar um texto sobre pessoas e não querer mudar todo o texto e jogar tudo que foi feito até aqui na lixeirita virtual. As melhores coisas ficaram.
Saudades. Não tão bom sentir saudade. Tá tudo bem. Ausência de sentidos e isso eu ainda não sei, por Deus, o que é.
Futilidade´s time.
Tá bem, teve de tudo. Tenho o direito de, vezemquando, adolescer.
Anyway, mesmo com quase vinte e dois não passo de uma menina. E uma menina mimada. Que faz beiço quando alguém cai em esquecimento e sorri (sem-covinhas) quando distribui os mimos pela cama.
E o coraçãozinho continua sorrindo de bobo quando penso em você.
É o ar desta cidade que me parece rarefeito, oras. Respirações pausadas, miragem e vertigem de quereres sempre me encontram nas tuas esquinas. E os teus desejos sorverei todos num gole só.
* * *
"Sou o verso e o reverso o côncavo e o convexo (...) E sem perceber messo as horas do universo." Diz o relógio num famoso café lá em Taguatinga. Quais são as tuas horas no meu universo? O que tu medes e como?
* * *
- nota de rodapé -
O ato falho da segunda-feira: a maldita operadora esqueceu justamente da última mensagem. Sim, da última. E era a que pedia a tão esperada resposta, pois.*
*piadas internas: elas, um dia, dominarão.

6.6.08

Profético.

Escrevo.
Sim, é verdade.
Na particularidade do amor, no íntimo do gozo, no sorriso bobo da paixão, deixo esvair para o outro aquilo que tenho de mais íntimo nas letras. Assim como a "trilha sonora" dos casais felizes-para-sempre do cinema, alguns escritos, depois de marcar relações com lumicolor, coloco na parte superior da minha estante. E nas novas relações e afoitices namorísticas deixo surgir outras frases e melodias. Outros nomes e versos. Assim como apelidos íntimos e declarações de cunho pessoal, os meus parágrafos são monogâmicos, fiéis e dignos por toda uma vida. Mesmo que as vidas que os descobriram, mesmo que a vida que emprestou à outra vida tais frases, estejam já separadas, as letras-músicas-frases-metonímeas, são preservados de passar de namoro em namoro. Até porque, que graça há em ver dedicado um texto que já foi antes dedicado a outro e outro e outro e? E não está na delícia de encontrar a frase perfeita, para aquela pessoa que temos como perfeita, a busca nos enredos romanescos? E que perfeição é essa que tal trecho, autor, frase, parágrafo cabe em tantas outras e outras e outras? Multiuso, na minha opinião, é sabão em pó. Afinal, se nós, pessoinhas torpes não temos a razão de sermos únicos, poderíamos ao mesmo salvar a imortalidade do que é poético.
...
E tudo isso se dará em silêncio enquanto ignorarás qualquer outro olhar. Simplesmente por saber a maledicência que é calçar a rotina de qualquer um no que existe de mais frágil, esgotável e de fácil troca.

5.6.08

Maré

É o nome do novo álbum da triologia da Adriana Calcanhotto que começou lá em 98 com Marítimo.
Daí que você pode ler mais bem aqui.
Eu recomendo.

4.6.08

Sobre.

Estavam juntos um dia e no outro. No outro continuavam mantendo a aparência de quem não consegue dizer basta. E andavam muitas vezes juntos, andavam andando de carro, de táxi, de ônibus, carona, lotação, de cabeça cheia, esvaziando a rotina besta do dia-a-dia em frases deconcertadas de bom dia e boa noite. E seguiam uma outra rotina, essa interna dos relacionamentos e interna daqueles relacionamentos que não existem, mas como uma perna amputada ainda insistem em coçar, doer, criar fungos e feridas. Não trabalhavam juntos, não produziam nada, não tinham entre eles filhos, cachorros, gatos, contas, prestações, não tinham nenhum laço, fita, barbante, nem um único fio de cabelo esquecido em uma fronha pouco usada, tinha sobrado. Acendiam como holofotes as lembranças doloridas de que tiveram alguma coisa e alguma coisa que puderam chamar de relação, de namoro, de amor, e como ele mesmo insistia como um presidiário batendo a fronte nas grades, nunca mais seria possível com mais ninguém, pois se era um estilo de vida, se era um completar-se, se era um projeto, sonho, querer, bem ritmo, bem típico, bem querer, companheirismo, sintonia... como é que poderia? Nunca era a palavra, nunca com outra pessoa, aquilo não, nunca mais... tão bom, tão certo, tão único, tão completo... nunca mais. E da aparência iam vivendo, respirando, mastigando, engolindo. Da aparência iam sendo outros de outros e de mais outros, mas nunca únicos. Iam apenas indo, de carro, de moto de ônibus, de carona. Iam normalmente, assim, de carona. Abandonados do seu próprio barco. Iam de carona sendo guiados por outras mãos que não lhe deixassem voltar.
Tu não me deixas voltar.
Euforia tem origem grega. Vem de euphoría que significa a capacidade de sustentar, de tolerar algo com facilidade. Quer mais simples? fecundidade. Como os gregos não se contentavam com pouco e também como no Olimpo a coisa não era só alegria, existia a palavra phoréó:tolerar, suportar.
Mas então. EUFORÍA!
Fui buscar na raiz da palavra uma explicação para esse sentimento que ainda não consegui determinar ser bom ou maravilhoso, rs. A dubiedade grega me faz perceber que palavras carregam muito mais que referências, e vocábulos não agregam apenas significados em sons articulados. Não, as palavras possuem um poder simbólico capaz de dialogar diretamente com o inconsciente sem nem mesmo percebermos que mexeram os bracinhos.
Estando eufórico por qualquer motivo, daquele sorriso largo à notícia derradeira, vivo uma gestação de idéias. Essas às vezes altivas, justas, serenas, geniais. Outras, que bradam espadas e me cortam o eixo. Nessas horas, me resta suplicar pelo parto breve da causa de tamanha desordem. Afinal, psique também vem do grego, psukhês , que quer dizer sopro, como princípio de vida. estar eufórico nada mais é do que carregar no ventre das idéias um feto raro e genioso. Às vezes motivos de orgulho paternal, por outras, tamanha inquietude nos força a acelerarmos o parto. A machadadas, mas sem fórceps.
Estou EUFORICA.
Coraçãozinho ainda sorri de bobo.