27.9.08

Sim, você já leu isso páginas atrás...

Da série: escritos que eu poderia (re)postar sempre, e sempre, e sempre...
Um dia as mesmas pessoas que aparecem na sua vida com a promessa de ser importante para todo sempre, deixam a sua vida com a promessa de não mais voltar. E é uma promessa implícita em um sorriso amarelo. E é uma promessa não dita mas somos todos bons entendedores, baby, então meia onomatopéia basta quando somos forçadamente tirados da vida e jogados no meio do pesadelo. Assim mesmo, a mesma pessoa que apertou o botãozinho de acorde do pesadelo e venha para a vida agora, vira a chave e "ploft" [© Vania]... era uma vez a vida! E let´s go, temos um bom, grande, escuro e gigante pesadelo que irá durar como foi a promessa "para todo sempre" e que irá durar quebrando a promessa até o dia que você apague e sim, apagar quer dizer até o dia que você morra e não me leve a mal e nem pense que isso é um tanto dramático pois não é; é só a vida e a vida não é dramática; a vida é bonita, cremosa, colorida e com alturas mágicas... essa é a vida. Só que volte algumas linhas e veja que falavamos não de vida, falavamos de pesadelo e pesadelo não tem obrigação ou pudores em conter esse ou aquele substantivo porque o que eu tenho para lhe dizer é esse montante de substantivos, já que os predicados eu esqueci do lado de fora das cobertas, lá na vida (aquela mesma que você me roubou no dia em que virou a chave) e se a única coisa que importa nesse pesadelo é que você segue do outro lado, no lado que continuam chamando de vida, e que se você é feliz nesse lado que você chama de vida, não trate de esperar que eu seja também feliz nesse lado que você esqueceu mas é escuro e é frio, é úmido e talvez podendo voltar um pouco mais de dois anos atrás eu deixasse a sua presença não ser percebida pela minha presença, e talvez eu não tivesse que suspirar agradecida pelo fato simples, pelo fato estúpido e pelo fato que você sequer sabe, pois foi tão eficaz em virar a chave que me deixou lá sozinha, não soube tudo de mim, e pode ser que volta e meia olhe pelo monitor e verifique como vai meu sono, e volta e meia olhe no monitor e veja se eu ainda estou pesadelando no seu viver, e ao ver que sim, apenas sorria e dê as costas e vá fazer outras coisas enquanto eu suspiro e agradeço ao filhodaputa qualquer responsável pelo universo por esse dia ter doído tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto já se ter sido.
Você me amou?
A pergunta esperou o sol cair lá no meio do Rio, e me pegou virando uma esquina, uma dessas questões que não sabem perguntar à luz do dia. Quando o asfalto ficou rubro, atravessei para o outro lado, imaginando que talvez fosse um vermelho de vergonha, embora parecesse uma bobagem, já que as pedras de calçadas devem escutar um bom punhado de coisas descabidas, então, não tinha porque um asfalto constranger com a pergunta que me esperava logo que passei por um ipê - que de tão carregado, encolheu um pouco os galhos para que as flores não caissem na minha cabeça. Não seria tão ruim ter uma nuvem de flores amarelas escorrendo junto ao meu cabelo que escorre, mas logo faz uma voltinha bem abaixo da orelha. As flores não pesariam tanto assim. Pode ser que me deixassem um pouco tonta com o perfume, nem um pouco mais tonta do que eu já estava. Quem não fica tonta com uma pergunta brincando de .siga.o.mestre. com a sua sombra? pensei em ser corajosa, porque depois de um tempo e certo afastamento, a vida deixa com que sejamos corajosas com qualquer tipo de pergunta, ainda mais essas assaltantes.
Pensei um pouco daquilo e um pouco disso também. Pensei bem rápido, porque logo a noite seria muito mais noite e logo eu desejaria estar em casa e assim tirar os tênis e mexer os dedinhos livres das meias e sorrir ao tomar um gole de suco e ligar a tevê numa bobagem qualquer enquanto passaria os olhos pela revista da semana passada e suspiraria ao perceber que nada mudou no mundo desde aquela noite em que acordei para beber um copo d´água e você dormia com a boca entre aberta e dos teus lábios saia uma gotinha de saliva, uma babinha no canto dos lábios, que tive vontade de pescar com a ponta da minha língua porque parecia tão certo que aquela gota mataria a minha sede para todo o sempre.
Não vi quando o vento soprou a pergunta para baixo de um banco na praça e ela escorregou para cima da folha de papel. Uma folha que brincava de precipício na boca-de-lobo. O vento seguiu tremendo as estrelas, e tremendo um pouco minhas idéias sobre as coisas que poderia fazer quando chegasse em casa - o vento que fazia a noite ser mais e mais noite, para que de uma hora para outra ficasse cansada de ser, e o sol pulasse do oriente para cá, trazendo entre os raios uma outra questão, uma dessas que só aparecem quando a luz é tão forte que nos deixa como cegos: você deixou de me amar?

22.09.08

Segunda, enquanto esperava o ônibus na plataforma de embarque...
- E esse livro do Sport é sobre o quê mesmo, hein?
- Sobre a história do clube. Tem todos os títulos, a retrospectiva dos Brasileiros, da Copa do Brasil de 2008...
- Quanta bobagem! Em vez de escrever livro tem é que jogar futebol!
Comentário: não posso fazer comentários, mas posso rir.

17.9.08

Diário de uma mulher em crise... política!

Status: qualificando.
Quinta ou sexta, entrego em definitivo projeto de fazer um campanha decolar. Ontem, recebi a resposta sobre as aulas de inglês. Tudo bem, quero dizer, ela gostou da idéia, eu gostei. Todos gostando, que bom. Bom, alguém disse que é pra ser bom? Não é. Não adiantou entregar o cargo. Eu continuo lá e quero mudar coisas. Eu vejo as coisas mudadas e quero, quem sabe, trocar por outras. Daí eu lembro de um conselho vindo da minha sanidade ["...é você meu lugar quando tudo por um fio está"] para a primeira .a.t.i.t.u.d.e. sensata desde os tempos de politicagem, é que esse conselho, essa voz poderia me ajudar para encerrar uma certa etapa que. Ou seja, eu quero ser o que ninguém mais é, nem mesmo as cabeças pensantes de nossas coligações por (des)amor ao município. Okay, mas é pra ser bom, não é? Alguém não disse isso? Que deveria? Que? Tá. Tem o trabalho e algumas implicações, mas esse assunto cansa, torna minha .c.r.i.a.t.i.v.ê.s. tosca, trôpega. Droga!
E tem um livro lindo que descobri essa semana... catando leituras para fins pessoais, pela primeira vez sentei entre estantes da biblioteca, senti um gosto de estudante-quase-lá, lembrei da "galerinha Tantes" e tááááááá, sim, eu prefiro o grupo de estudo do CEFET mas o café do CEUB era melhor: rá! Isso era.
Mas assim, eu achei esse livro. Livro sobre história política (do Brasil, da América Latina...), me pareceu um apanhado de muitos autores. É um livro que vocês não vão achar em nenhuma livraria, porque nem mesmo o IEL (que lançou) tem mais essa edição. E se acharem, mandem e-mail, porque eu pago fortunas, (isso não é um pedido, é ameaça mesmo). Mas na biblioteca vocês encontram. Nas bibliotecas de nossas instituições de ensino, viu? É. alguém disse, eu nem lembro quando, mas alguém disse, é pra ser bom.

14.9.08

Sábado:
- Quando, ó senhor, eu vou deixar de ser t.ã.o Jenny Schecter na fase anterior ao corte de cabelo?
* * *
Domingo:
- Cara, é incrível como deus é rapidão nessa coisa de inverter papéis.
Thank´s lord!

3.9.08

Fechei os olhos e suguei o ar. Todinho o ar, suguei forte mesmo, senti o gelado raspar o nariz por dentro. Doeu. Ignorei. Outra vez. Mais força, com tudo. Como se estivesse sugando o ar antes de pausar a respiração para um mergulho, quebrar uma onda, daquelas ondas tipo paredões gigantes da época em que ia pegar onda nas praias de SSA. Uma puta vontade, como se estivesse chupando cajá, doce pra repunar de doce, no pátio da casa da avó. Ainda pequena, os joelhos sujos de brincar com as cabritinhas. Suguei o ar e as narinas pareciam agradecer, abriram-se como se fossem lábios. Suguei o ar como se sugasse uma língua, língua macia e quentinha de beijo que se dá no verão. O beijo roubado na rua, antes de correr pra casa e se socar debaixo do cobertor. Anestesiada em meio ao "não creio", pressinto a angústia do céu em não perder a hora e ser logo dia. O céu crescendo absurdo e azul às minhas costas. Ainda aquele vento debochando do meu agasalho, chego na esquina e escondo as mãos no bolso. Sinal diz espera e olha o céu, espera e respira, acredita e respira, minhas narinas dilatadas ignorando o monóxido de carbono que os carros cospem aos meus pés, e meu queixo erguido em direção as antenas, enquanto aspiro frio para congelar em algum lugar dentro de mim, a imagem. Avenida nascendo, o homem da banca de jornal com cigarro pendurado no canto dos lábios pendurando uma revista no canto da vitrine, os carros. O trânsito circulando como sangue pelas arterias que se cruzam e se sobrepõem, terminando em linhas retas, pra logo se dissolver no sem-fim do fluxo permanente.
O sinal abre, e com a sua densidade infinita, a imagem me engole.