23.2.09

Processo pequeniníssimo.

Depois, quando passa, é como deixar o mar. A pele com sal por uma boca que lhe cospe, língua a lamber seios, braços e cintura, laço de fita a lambuzar os cotovelos.
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Depois, quando passa, é como deixar o mar em manhã de vento. A areia fina a pegar pelas pernas, grude de areia nos pés e debaixo das unhas, grãos como um beijo aspero a roubar a seda dos lábios.
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Depois, quando passa, é como deixar o mar em manhã de vento e sem sol. Os dedos frios do ar a tocar as costelas, a nuca arranhada por uma unha quase roída, o vento a beliscar as coxas como picada de inseto em noite sem luz.
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Depois, quando passa, é como sair deixar o mar em manhã de vento e sem sol sacudindo o mergulho que se finda, como finda sempre o verão.
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Depois, quando passa, fica o nojo de limpar o sal com a toalha úmida, de rasgar a pele com a areia imunda, de bater o queixo por causa do frio.
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Depois, quando passa, são todas essas as sensações e aí no outro dia acordamos e tá aquele sol lindo e o vento deu um tempo e o mar está morno e é hora de praticar malemolência e aproveitar os bons dias de praia.
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Tá. Mas quando é que passa?!?

21.2.09

Hermético.


Aerograma
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Alguma coisa é a vida
Consciência de algo grande
Uma semente e o drama
Lutar para agradar?!
Os dias estão em duelo
Nunca some a montanha
Palavras e palavrões
Paixões sem volúpia
Amor sem duas pessoas
A felicidade custa chegar
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by: Schade, Miguel.

17.2.09

A verdade, Jacilde, é que enquanto você pode se espreguiçar na sombra desta rede, o mundo vai se constituindo de gente que:

- acredita que é tão somente a força do hábito que nos faz ver as relações causais entre os fenômenos da natureza, e se acham no direito de fazer cara de songa-mongas quando comete as maiores idiotices;

- suspeita que o ser humano seja "um ser dual", constituído de razão e corpo, mas não faz a mínima idéia do que fazer com essa informação e, portanto, manda a razão para o quinto dos infernos e sai por aí dando e recebendo o corpo;

- acredita que a vida e que os desejos e que tudo, até mesmo as joaninhas que andam no parapeito da janela, envolve mais coisas do que puro hábito, dualismo, ou mesmo sentimento. É uma questão de 'razão prática'. Essas, ainda no tempo em que pulava corda com as pernas gordinhas, já afundava na inevitabilidade de que a lei moral é categórica. Não existe escolha, baby... mesmo quando você pensa em burlar, em fazer diferente; passa um dia; passa uma semana. E pronto. Duas semanas depois, você segue o rigor moral, porque a lei vale para todas as situações - além da maldita ser um imperativo. Você já tentou cair na idioice de evitar um imperativo?

Então, já que é muito óbvio que o reducionismo todo é porque não faço a menor idéia do que fazer em situações de crises epistemológicas, explica, Jacilde: como alguém consegue entrar em crise moral, justamente, por ter moral, heim?

Da série: Grandes Reportagens.

CONHEÇA O MUNDO EM QUE VOCÊ VIVE!

Legenda
Verde: Pessoas que vivem com menos de 10 doláres por mês
Amarelo: Pessoas que vivem com menos de 100 doláres por mês
Azul: Pessoas que vivem com menos de 1.000 doláres por mês
Branco: Pessoas que vivem com mais de 100.000 doláres por mês

Legenda
Vermelho: Crianças que morrem antes de completar um ano
Preto: Crianças que morrem antes de completar três anos
Amarelo: Crianças que alcançam a idade adulta


Legenda
Vermelho: A favor da guerra do Iraque
Branco: Contra a guerra do Iraque
Azul: Não sabe onde é o Iraque


Legenda
Vermelho: Pessoas infectadas com o HIV
Preto: Pessoas infectadas com o vírus da malária
Amarelo: Pessoas que tem acesso a cuidados médicos



Legenda
Azul: Consumo de petróleo
Amarelo: Produção de petróleo




Legenda
Azul: Mulheres que sofrem mutilação vaginal
Branco: Mulheres que não sofrem mutilação vaginal



Legenda
Vermelho
: Exportação de bananas
Azul: Exportação de café
Amarelo: Exportação de cocaína
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Nota: a minha crença na civilização, é tão grande quanto meu amor pelos pinguins.

15.2.09

Um pouco de bem. Um pouco de mal.
É só misturar com água.
E sobre o que é amar, posso afirmar sem hesitação: trata-se de um verbo intransitivo.

14.2.09

Eu acho tão interessante quando alguém diz "estou passando menos tempo on line". Geralmente é blogueiro quem diz e 101% das vezes, o sujeito fala isso bem arroganteeeezinho, de nariz empinado, com um puta ar superior.
"Tenho passado menos tempo on line para viver loucas, torrentes e emocionantes aventuras na vida real, coisa que você, pobre mortal, nem sabe o que é".
Não é o meu caso.
Tenho passado menos tempo on line porque os meus escritos não exigem que eu esteja on line. Mas nada emocionante me aguarda aqui, longe da tela. Tenho visto muita tv. Lido um pouco menos do que eu realmente deveria. Trabalhado e estudado, compulsivamente. E tido redentoras e inconsoláveis crises de choro debaixo do chuveiro. Tenho passado menos tempo on line, porque meu coração está do tamanho de um grão de mostarda. Porque eu não tenho nada muito bacaninha a dizer. Porque minha coluna dói. Porque essa onda medieval me assusta e, acredite, você não quer ouvir a minha opinião sobre. Porque eu ando tão, tão cansada. Porque, como me disse a Li, respirar dá trabalho pra caramba. Porque eu estou muito magoada. Porque eu estou muito triste. De modo que as coisas por aqui andam mesmo mais demoradas. Vocês têm toda razão de reclamar. Mas acho que não é a primeira vez na vida que me faltam palavras. É isso, me faltam palavras. As boas, as más, as que consolam, as que irritam, as que provocam, as que ofendem, as que afagam. Me faltam todas as palavras. Enfim. Estou no sítio novo, às segundas, quartas e sextas, até que me irrite ou se prove o contrário. E estou por aqui. Com novelinha ou miando, quando der. Pero no mucho. Pelo menos, não agora.

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Nota de roda pé: quando eu tinha um amor, eu dizia pra ela "tudo ni mim dói" e ela lavava o meu cabelo e cantava pra mim. Tenho lavado meu próprio cabelo e cantado para mim mesma e para a gata Jacilde, que acha divertidíssimo quando eu canto e canta junto fazendo prrrrrrrr. Mas, você sabe, não é a mesma coisa.

7.2.09

Em 05 de janeiro, no orkut:
[editado]
Sombra - "Não
é Proibido"
[novo sucesso da Marisa]... Apologia subliminar sobre a
Maconha. É claro q a Marisa não ia escrever uma música sem um
significado por trás. E essa tem o seu, claro; um exemplo claro é quando ela fala "MANDA UM EMAIL PARA JOANA VIR" a famosa "Maria joana" que quer dizer MARIJUANA ou seja MACONHA. E diz "(...) traz todo mundo, tá liberado, vai ser divertido" e por ai vai. Os doces falados de forma compulsiva representam a "Larica" que é o estado de fome q a galera sente depois de fumar um...O Peixoto da música é o Marcelo D2, o nome dele é Marcelo Peixoto e é amigo da Marisa e do Seu Jorge que também é compositor da música. Prestem atenção. É sobre isso q a música fala!!! A música (apesar de polêmica) é muito inteligente! Pessoas que comparam essa música com outras ou dizem q ela “baixou” o nível só podem ser ignorantes.
Não é a primeira vez,
desde seu primeiro disco ela já falava disso. Lembram quando ela cantou Chocolate, do Tim Maia? Todo mundo sabe q ele chamava maconha de chocolate, né? E ainda ela acrescentou a frase "é proibido proibir" e também na música Tribalistas vinha também aquele trecho “ ...abusam do colírio e dos óculos escuros” o que vocês aham? Tá na cara, né?!
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Okay, senhor Sombra, eu acho que o senhor tem uma imaginação fértil do cacete. Se plantar, capaz que nasça. Maconha, é claro.
[maldita inclusão digital].
Pronto, falei.