31.3.09

Ruimdows.

Amorim e Mello in msn.
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Naty diz: meu word é pateticamente puritano... não deixa eu adicionar "bunda" no dicionário.
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.tay diz: o meu já veio considerando bunda.
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.tay diz: tenta adicionar, sei lá, punheta.
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Naty diz: o meu word segue a educação da pedagogia moderninha.
[cara de protagonista de novela das 8h que passa às 9h quando pega o grande amor na cama com uma vagabunda]
Naty diz: Espanto! Punheta ele adiciona.
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tay diz: hahaha... então é problema com a bunda.
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Naty diz: Fase anal. Problema de retenção... a minha versão do windows devia xinga-lo quando não limpava a bunda direito...
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tay diz: Ele ficou pior depois que resolveu ficar falando mal do excel e tentando pegar a mulé do acess.
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Naty diz: Exato. E ficou se sentindo tão culpado pela operação ilegal que o access acabou fazendo, que depois disso não mais exportou e nem devolveu arquivos para o power point... pior, em uma crise de ciumes, obrigou também o paint evitar contato.
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tay diz: E chamou o frontpage de chato, feio e bobo.
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Naty diz: E fez tantas e tantas. O tempo todo acompanhado pelo analista, suporte para atualização. Mesmo assim, não aceita bunda.
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Esse word me envergonha.
Fato.

28.3.09

Miudezas

[orgulho] Hoje entrei no 1,99 e consegui gastar apenas dois dinheiros.[/orgulho]
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... edições poliglota: dicionário de espanhol. mais de 15.000 verbetes e 20.000 traduções em 215 páginas. Sei não. Mejor seria se huviesse comprado un sorvete de freza ...
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Sonhos. Estranhos por demais e com gente que nem.
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Post it: nunca mais levar Clarice para cama.
(...)
E se nunca em sua vida você passou por isso. Nunca. Em nenhum momento sentiu-se tão ausente de tudo que está ali - e vaga pelos cômodos e observa cada móvel e cada tapete e cada friso e as coisas que conhece há anos, como se nada daquilo à sua vida pertencesse. E se em nenhuma vez você olhou para o porta-retrato da sala e viu em uma fotografia alguém que deveria ser tão íntimo, esse alguém que faz parte daquele sangue. Esse alguém criado para respirar naquela sangue e é o mesmo alguém que você enfrenta todos os dias em frente ao espelho e enfrenta todos os dias nas sombras das esquinas. Se você nunca olhou para essa pessoa com a dor ardida da morte, da perda, do desvario. Tenha a certeza de nunca, ou muito pouco, reclamar dos dias de chuva ou do calor infernal. Porque, definitivamente, você não tem a menor idéia do que é sofrer.
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[e agora, agora mais do que nunca tua falta é mais e mais voraz. porque agora mais que nunca a dor é tão imensa nesse esvaziar de vida que começou no dia que tu fostes embora. E porque parece que só assim eu teria recuperado a ternura pelo mundo e pelas pessoas e pelas coisas do mundo e das pessoas. Porque estando contigo teria a certeza de anistia para um lugar onde pudesse, simplesmente.]

24.3.09

Tu sabes como é sentir-se estrangeiro em sua própria casa? Tu já teves essa sensação, esse gelado no estômago, essa consciência vazia do prolongar segundos e perder um ônibus? Incessante, vagando pela avenida, essa busca de um pretexto murcho. Um desvario de sentidos, sentindo o pescoço morno, os cabelos em suor. Tu já se sentiu cansado, pernas doendo, a necessidade física de repouso? Só o prazer pequeno de tirar os sapatos, sentir o chão frio do banheiro, a água batendo morna nas costas. E mesmo assim, enfrentando ruas escuras, passo rápido, uma quase luta contra a gravidade, porque ir a pé leva mais tempo que pegar um táxi. E se sente estrangeiro e sente que não conhece a língua e os costumes. E além de estrangeiro, é refugiado, é imigrante ilegal, é mal quisto. Tu chega em casa e as pessoas não olham para você. Elas não dizem porque não olham, tu até desconfia, mas elas não falam nada. Como um estrangeiro enfiado em um país repleto de bons maneirismos e politicamente correto. Nesse país onde seu pai, a sua mãe não olham. Aqueles que deveriam, porque alguém um dia falou que deveriam, ter intimidade, ter liberdade. Seu pai e a sua mãe acordando todos os dias, obrigados a passar pelo seu quarto todos os dias. Uma sentença, porque não, eles não olham. Vezenquando, viram de leve o pescoço, olham para o quarto como se estivesse vazio porém tu estás ali sentado na cadeira, mexendo em papéis, deitado na cama, lendo um livro. E no início você retribuía o olhar, esperança de pelo menos uma pergunta. Uma dúvida. Sei lá, um indício do que afinal não vai bem. Mas não, eles são tácitos e olham para a janela e olham para a tela colorida do monitor. E olham através de. Mas nunca para você. E talvez, no cansaço de quase carimbar um passaporte toda vez que abre a porta, acresça a vontade de sair gritando, arrumar um pretexto e sair gritando. Enfático, deixar esse ignorar insosso de lado, expelindo perdigotos, sujando espelhos. Mas passa. No não olhar a vontade vai esvaindo, correndo em um filete que não é de choro, porque você não pode chorar. Tu, estrangeiro nesse país que não permite choro, que não permite queixas.Chegando todos os dias nesse lugar onde não pode elevar a voz, onde sobrevive não sabe como porque diariamente uma emenda constitucional parece reinar. Tu não pode fazer cara feia. Não pode responder. Não pode ficar triste. Não pode silenciar também, porque o seu silêncio é falta grave nesse país de mudos.
E tu simplesmente não pode ir embora. Não. Tu estás preso, contraiu dívidas, faltou com a lei. E o pior não é pagar por faltas constitucionais. O pior é pagar pela essência de existir.
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[e nesse momento eu queria ainda te pertencer. E não digo estar contigo e não digo te ter, porque é nessa dor que eu mais precisaria te pertencer. Só para que me tomasse no colo. Um beijo nos lábios e teus olhos castanhos que entrariam nos meus olhos mais e mais escuros e eu saberia, ali, te pertencer. Deixando que me chamasse de nomes que só tu conhece, aconchegando minha pequenez junto a ti, junto a tua voz, ao teu cheiro. Porque é aqui, nesse momento onde mais dói que eu precisaria de que um pouquinho daquilo que sempre prometestes fizesse sentido]

20.3.09

Plantar morangos.

Tenho um novo arrendamento.
Agora planto não apenas laranjas, mas uma safra de morangos (um tanto quanto mofados) bem aqui .
Um apanhado de coisas legais, criado por pessoas legais e que trará muitas benfeitorias ao estudo da literatura feminina contemporânea prá quem gostar de.
O sítio novo é do GELFC grupo do qual faço parte e eu até tô devendo detalhamento sobre.
Tu podes clicar e se deliciar.

19.3.09

Hoje o passeio fingiu que era outro passeio. Perceba que, talvez, aqueles que andavam por ali não notaram nada de estranho ou anormal de ontem ou de amanhã [eles vão sempre com a certeza de quem já sabe sobre amanhãs]. Não perceberam que hoje por uma, ou quem sabe duas, ou três horas, a rua não foi uma só. De um lado, o de lá, o das mocinhas que correm e exercitam pernas. Onde cachorros correm e exercitam seus donos. O outro lado, o de lá, o lugar onde as menininhas riem adoráveis enquanto passeiam com seus deliciosos sorvetes. O lado de lá, nas curvas em que a velha senhora encontra o banco, o sol, o abraço morno que lhe envolve o corpo, aquecendo-lhe a solidão. Esse lado se estende por algumas avenidas, atravessa uma ou duas pracinhas dessas com escorregadores e balanços, um chafariz, gramados, eucalipitos. Até que em um ponto, em algum meio termo entre as menininhas, entre as senhoras que escondem viuvez, os cachorros, os meninos do Colégio Militar, um pouco depois do vendedor de picolés, mas antes ainda do último carrinho de algodão-doce, goteja um pingo. Da gota, forma-se o ponto e todas as pessoas sabem que das gotas é que nascem as linhas. Essa é tem pouca espessura e divide a rua em duas. Pelo menos nesses dias em que a rua assim a deseja. Atravessando-a, nada de extraordinário acontecerá. Ou aconteceu, pois como disse, hoje. Hoje a rua fez-se um corte, fingindo-se outra, e então, dessa linha para cá, nós existimos. Especialmente nesse fim de tarde, ela espantou-me com a facilidade de ser todos as ruas do mundo. Esvaziou as calçadas, silenciou o tráfego, suspendeu o cronos, e é bem engraçado, como as ruas têm formas tão peculiares de demonstrar gentilezas, como essas que me fizeram perceber que além de mim, em algum lugar muito perto estava também você. Você que certamente agora me escuta - E eu fico me perguntando se naquele momento também tenha ouvido o canto doce do sabiá que acabava de pousar em nossas pedras.

18.3.09

Posso não ser compreendida, ou então, como diriam, deixar-se passear uma ou outra vez pelas vias públicas pode ser um escândalo quando se tem um trabalho, coisas do tipo, obrigações, coisas do gênero – peças de sala de estar e jantar, uma mesa para refeição em família e um sofá para escutarmos, pode ser que no sábado ou no domingo, o som. Da calçada se vê o peixe solitário dentro do aquário improvisado em um vidro de doce de leite em cima da escrivaninha. Meu reflexo ficou suspenso, uma porta do lado da outra, a mobília esperando alguém no meio-fio. Meu reflexo ficou suspenso nos espelhos de todos os tamanhos pendurados na parede da casa de quase.esquina na rua do comércio. Olho para o céu. Como se fosse outra coisinha, as nuvens cedem e em todos os cantos os edifícios grudam seus perfis contra o azul chapado, os ângulos dos edifícios traçados pela precissão de uma lâmina afiada. Subo a ladeira, contorno a via, os carros mergulham no viaduto que despenca absoluto e rijo para esquerda. Queria voar, mas acho um pouco ridículo pensar uma coisa dessas, principalmente no meio da tarde e quando já se tem amis de doze. São o que? Duas? O relógio deixou o tempo perdido, prendendo as horas na ultima bifurcação, antes da hipotenusa, do viaduto e do céu quase concreto. O eclipe artificial me devora e depois me vomita, ignorando a estupidez do sol e do que se pode encontrar depois do caos.

14.3.09

Ai, muitas coisas.

Nunca vi caos maior do que o programa do Luciano Huck deste sábado. Dezenas e dezenas de problemas, de ideias erradas, de informações completamente absurdas do tipo: quem disse que soletração é incentivo à leitura? "Prática pedagógica" é ouuuuutra coisa. E tinha até a Sandy (aquela do Junior, sim) autografando livros: L.I.V.R.O.S.
É, pra quem já autografou cd no ano passado e tendo que ser duas pessoas a vida toda, já que o irmão insistia que era cantor/músico, seria até mais interessante que ela se dedicasse aos livros. Tá bem. Ela se formou em Letras.
Sei lá. Acho que a Sandy também é dublada.
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Outra coisa. Vi que está rolando um seminário bem bacana sobre literatura latino-americana lá pros lados da selva de pedras. Coisa da secretaria da cultura e acontece todo o sábado, no ginásio Nilson e Nelson a partir das sete e meia, mais dois sábados no programa e sim, se pode até pagar por palestra. A única coisa curiosa: literatura latino-americana é aquela produzida abaixo do Rio Grande do Sul e do Bravo, certo? hum. E porque nenhum autor brasileiro, então?
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Era uma vez um país em que um presidente não sabia falar direito e aprovou um reforma ortográfica. E ainda mais, tinha o hábito de beber muito, e aprovou a lei seca.

11.3.09

Não consigo parar de rir disso, parte II.
Sonhei que havia agraciado o blog com dois posts novos, ambos com excelente conteúdo literário e todos revisados de acordo com as novas regras de ortografia. Por um lado, um certo alívio, estava totalmente livre de nova linha por qualquer tempo previsto de atualização. Por outro.
O demônio do abandono e da culpa me persegue.
Por ser da matéria dos sonhos, o conteúdo dos posts está quase inacessível atrás do inconsciente, bastante mediável, do meu subconsciente. Tentarei compensar a falta dos escritos inebriantes. Escritos que causavam a mesma vertigem seguida das nuvens dos filmes da sessão da tarde, quando a personagem vai ter uma leve sensação de prazer: força narrativa e a complexidade nos desfechos das tramas. Contentem-se.

8.3.09

Uma vida inteira de aridez.

Graciliano, o Ramos disse uma certa vez que "deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer". Leio, agora, os contos que fiz na Infância e lembro da pergunta feita pela minha melhor leitora essa semana, "e Graciliano, não gostarias de estudar?" Graciliano é pouco bom, respondi. Que ganhou resposta/sorriso no entendimento dos que compreendem escritos e sabem das metáforas aos elogios. Não quis dizer que não o estudaria com desgosto, apenas porque para mim é bom, mas um bom que leva a exaustão do texto que por ter sido batido e torcido na palavra, agora bate.torce.enxágua na leitura. Então, das lavadeiras ao semi-árido da infância.pó.de.terra que machuca a gente [e tem um texto que começa assim, "as minhas primeiras relações com a justiça foram dolorosas e dexaram-me funda impressão".], Graciliano seca-me a boca. A semi-aridez que gruda a língua grossa ao palato, incha na beleza da Infância: o sentido do ser apresentado pelo sentir.sentido pelo guri. Aquele adquirido à farinha e laço no contato dos seres que o cercavam, das primeiras relações e primeiras ordens. Do que fez conhecer logo, desde menino as fraquezas suas e dos homens. Coletivamente, os seres que dão voz ao homem Graciliano, contador das memórias tingidas pela areia do árido nordeste, cingidas pela cinta do alagoano. Da infância, que não se diz feliz ou indolor ou amena, e se diz apenas infância.do.nada.fácil, mas coletada e dita pelo amor. O amor das palavras, esse mesmo que Graciliano nos ensina através das lavadeiras do rio. Pois se de força e ofício se tem a roupa limpa, também é do carinho e cuidado pelo detalhe do tecido alvo que se pode, um dia, vesti-lo.

4.3.09

Sim.

Tô vivendo de monossílabos.
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Depois eu retomo.

Não adianta chorar, Alice, já falei que é loucura, melhor ser monja budista em Vitória do Espírito Santo ou carmelita ou a mais puta das putas na putaqueapariu.

3.3.09

Eu tenho procurado em cada curva ver onde o hoje esconde no amanhã. Não dormi de domingo para segunda e isso é literal. Okay, sem dramas, apenas trabalho. O fato é que fazia uma década que eu não pegava um trabalho com um prazo realmente apertado. Um prazo de fato curtíssimo (e nada pode ser mais curto do que aulas de reposião). Então, meu tempo que iniciou na sexta foi estourar no domingo. Por quê? Porque na sexta eu tive o maior surto de retardo-criativo da história (pelo menos da minha). Enfim. Fui dormir às seis da manhã de hoje. Opa, de ontem. Perdi a aula de hoje. Opa, de ontem. Estou virando turista na CSJ (e começando a fazer trocadilhos sem a menor graça... que medo!). Pelo menos, a jornada acabou virando um despretensioso ensaiozinho fotográfico, que vocês poderão ver nos próximos escritos.

1.3.09

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assimcomo 'estou contente outra vez'."