Não adianta querer escapar, todo blog acaba tendo este ou aquele teor umbiguista. Ou desde muito cedo, o autor delimita de uma maneira muito clara o assunto e leva isso a sério, ou em algum post da vida caíra em tentação e contará sobre uma mediocridade qualquer da - própria - vida.
O fator diário não é de todo ruim. Eu estaria dando um gigantuário tiro no pé caso me metesse a falar mal dos diariozinhos digitais! O problema é contar a vida da gente, como se realmente alguém se importasse com isso. Existe muita diferença entre um "relatório da vida" e usar do que acontece na vida, para ser cronista da mesma (ainda bem que tem gente que sabe fazer, cria um narrador no blog e faz da ego-trip um exercício de escrita).
O fato é que depois de uma série de posts escrevendo "sentimentações", ou tentando fazer com que as bobagens que me acontecem tenham alguma relevância para as quatro (ou cinco?) pessoas que lêem esse blog, bateu uma secular preguiça de inventar uma historinha qualquer para contar uma coisa simples e egocêntrica: trocarei de computador.
Sim, esse post já está sendo escrito do notebook (quase meu), porque além de trocar de computador resolvi aderir ao conforto de escrever deitada na minha cama, totalmente conectada ao mundo, ouvindo minhas musiquinhas e sendo fútil, porém, high tech.
O problema é que tanto orgulho deve ser pecado.
Pior, a punição divina é, nesse caso, aquela do velho testamento. Assim como a onisciência, implacável. Afinal, deus, em todas as suas "ências" previu e puniu antes mesmo que eu pensasse em me exibir.
Mas de que porra ela está falando, vocês estarão pensando (se é que chegaram até aqui, porque esses posts do tipo diário são bem chatos, né?).
Bem, nessas de trocar de computador, também terei que fazer o frete dos arquivos. Quero dizer, trazer os documentos que estavam lá na charretinha para o Porsche, aqui. Fiz o frete usando pen drive, que dizem ser veículo indicado para essas mudanças. Não deu muito certo. Sei lá em que parte do caminho os documentos se perderam, ou em que esquina caíram da caçamba: o resultado é que as caixas com tudo que escrevi até hoje, impresso, publicado ou não, entraram para o limbo absoluto dos arquivos perdidos na virtualidade. Tudo mesmo. Toda produção de ficção. Toda produção acadêmica (e antes que me perguntem, não, eu não tinha backup).
Agora sou uma sem-texto.
Mas, é preciso me confortar com isso, com processador intel core2 duo, 2gb de memória, 200GH HDD, 15" widescreen crystalbrite lcd, virtual surroundsound para começar tudo outra vez.