30.9.09

Segunda-feira, aula de Metodologia...
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- Mas eu coloco o nome na frente do sobrenome?
- Isso mesmo, primeiro o sobrenome, em caixa-alta...
- Hum.
- Por exemplo... qual o teu sobrenome?
- Costa.
- E teu nome?
- Deide.
- Deise?
- Não. Deide. Deide Costa.
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Pergunta vinda do "fundo" da sala:
- Putaquepariu! E doeu?
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Comentário: Não posso comentar. Mas posso rir.
hahahahahaha

27.9.09

Tempos modernos.

Se Maomé não vai a Brokeback Mountain, também não vai um dos cowboys a Maomé.

Piada interna (parte II)

- Ciclo vicioso ou círculo vicioso?
- Circo.

(da série: perguntar não ofende)

Piada interna (parte I)

- "Bebe", a criança, tem acento?
- Tem, no "e".
- Em qual "e"?
- No de "jumento".
Descobri que você, apesar da promessa de se afastar, vem aqui sempre. Saiba: tem muita importância pra mim. Mais do que poderia. Mais do que desejaria. Aproveita que hoje estou generosa e aceita o vinho. Tá na temperatura que você adora.
Naquela noite que selamos a nossa vontade de nos vermos maiores, o abraço longo de nossos corpos calou para sempre a voz de todos os dias. Nos silenciamos em protesto à ausência futura, a uma não-presença de nós em nós mesmos. Dali em diante, desnudas, secas, talhadas. Juntas.
"Agora acerto."
Ouvir a voz dela é uma experiência sinestésica. O som de um sino grave a ressoar tão longe, tão perto, tão longe, tão perto, tão longe na onda que me dorme, acalma, hipnotiza. Por dentro, o coração é todo badalo. E vibro.

21.9.09

"Tenho um dragão que mora comigo"

Tenho um dragão que mora comigo.
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Diferentemente do conto do Caio F., sim. Isso é bem verdade.
Tenho esse dragão que não é pequeno tampouco é grande, que cabe dentro da boca feito um fôlego e feito um gole de cerveja. Aprendi coisas sobre aquilo tudo, vocês devem saber, que dragões não dividem o seu espaço e blá blá blá, mas por mais torpe que eu seja, – uma das lições dizia que dragões não vivem com pessoas torpes – ou, por mais inconcebível que seja o fato de um dragão viver com alguém, é fato que.
Eu não estou ficando louca. Pelo menos ainda não.
Diferentemente da literatura, a grande eloquência não está na sensação de uma ideia parecer tão boa que é quase como se a ideia não fosse sua. Aqui, a sabedoria está em me manter paciente, quem sabe um pouco conformada, de que nunca estarei livre das ideias.
Eu não estou ficando louca. Ainda não.
Por um tempo tudo foi uma grande pausa. Eu não sabia que ele poderia existir, embora, hoje, pareça mais provável que no fundo eu já conhecesse a verdade sobre os dragões. Por um tempo tudouma pausa, apenas porque ele não havia chegado. Logo percebi os primeiros barulhos, mas preferi fingir que não o via disfarçado de verde ou de natureza morta, já que assim parecia mais simples. Optei pela simplicidade, e achei que essa escolha, ligeiramente, me livraria do incômodo que é enxergar tudo que não seja invisível.
Eu não estou ficando louca. Ainda.
Outra coisa que descobri, ninguém é capaz de compreender um dragão. Um dragão jamais mostra o que sente. Isso pode não parecer grande coisa, já que muitos seres, os reflexos por exemplo, também vivem a dizer sempre o oposto daquilo que estão sentindo. Mas nenhum reflexo, e também poucas espécies, tem o hábito de acordar a qualquer horário e dormir em hora alguma. A noite do dragão é o que ingleses chamam de "yourself".
Eu não estou louca.
Em pleno ao meio-dia, quanto na madrugada, terminei por acostumar com o calor. A temperatura eleva-se demais sempre que o dragão acorda. Porque além de bater a cauda três vezes, – e desde o dia que apareceu por aqui está sempre ao meu lado, logo, sacudo três vezes para esquerda e três vezes para direita – mas, além de bater a cauda, ainda cospe fogo. O famoso fogo pelas ventas. Aquele fogo que todos os dragões soltam, desde o tempo dos contos de fadas. Dragões são muito apegados às tradições. Essa lição parecia ser a mais importante, e dizia que essa forma de acordar poderia ser a maneira, um tanto desajeitada, de um dragão desejar que o dia seja doce. Já que o dia, depois que o dragão amanhece, faz a boca se encher de amargo.
Eu não estou.
Estou me confundindo, estou me dispersando.
Eu.
Eu e o dragão que mora comigo.

13.9.09

(in) Operante.

Demorei, mas voltei.
Sabe quando o Macunaíma que habita na gente se manifesta? Eu olhava pro blog e dizia: "Ai, que preguiça".

20 coisas a meu respeito que é melhor você saber.

* Meu manequim agora é quase 40 (sim, existe "quase 40", depende da forma).
* Dispenso comentários (de qualquer espécie) sobre a minha aparência.
* Se recebo "feliz páscoa", respondo apenas "obrigada".
* Quando bebo, definitivamente, não dou trabalho.
* Se achar que estou quieta demais, j.a.m.a.i.s. peça a minha atenção.
* Se eu não me lembrar de uma história sua é porque você não me contou!
* Não me faça ouvir reclamações sobre a vida que você escolheu.
* Se marcar um encontro, seja pontual.
* Se desistir no meio do caminho, nem precisa ligar.
* Quando me convidar para sair em meio a pessoas que desconheço, pense num assunto em comum.
* Acho o Baía Cook uma péssima sugestão.
* Não acredito em excesso de simpatia.
* Odeio total falta de simpatia.
* Posso parecer madura, mas caio do pé ainda verde.
* Cara feia pra mim é sempre fome.
* Não faça as unhas se você não for mulher, bicha ou travesti.
* Quase sempre como até passar mal.
* Não me pergunte toda semana se tenho novidades.
* Sou apaixonada, viciada,obsessiva, compulsiva pelo Caio F.; e sem vislumbre de cura.
* Florais de Bach, definitivamente, não diminuem a minha TPM.

Trebuchet, 12.

Não posso mais pronunciar uma só palavra sem antes me odiar trezentas mil vezes por tudo que disse sem querer dizer. Assim, daqui prá frente, passarei bem mais tempo muda e vasculhando meus avessos que exercitando a interlocução, o que acho demasiadamente bom, muito bom. Daqui prá frente, o pensamento grita e eu emudeço. O silêncio é minha manifestação maior, protesto negro contra essas vozes dentro de mim.
“Oh arrelina medo saome, oh arrelina medo saome”, três, dez, cem, quantas repetições ainda eu vou fazer, “saome, saome, saome”... Eu bem sei porque essa palavra ainda pisa a carne felpuda da minha língua dando pulos e piruetas feito cachorro pedindo pra passear. Essa palavra que eu prendo prá nunca, nunca mais reproduzir no meu idioma, e o Abujamra fez ontem questão de dizer o que era pra me calar no meio do show. O monstro que ela significa já bombeava alucinado, e a dor agora circula mais e mais, se multiplica e se agarra a qualquer parede do meu corpo carcomendo tudo como um câncer. E também por isso eu me fecho. Porque senão aquela doença, lembra?, aquela doença que só você sabe que eu tenho enxerga na boca o caminho certo pra expulsar palavra.dor.sangue.câncer de uma só vez, e isso não pode. Meus mundos externos, tenho tantos e não preparei nenhum pra receber o estrondo dessa minha doença. Me ajuda então, se é que me concede algum favor ainda. Você é capaz de manter calada essa voz que eu quero tanto desmentir? Como eu queria poder juntar esses fonemas e pronunciá-los em outro idioma sem a mesma náusea, mas é apenas um outro significante causando o mesmo efeito. Eu prefiro a asfixia, eu prefiro ser trancada pelo som grave e erótico que sai da tua boca, que fecha e estremece as minhas portas sem nenhum esforço. Quero a expressão mais transtornada do teu rosto pálido, a rispidez das tuas atitudes, quero teus olhos cerrados pela cólera e apontados como facas na minha direção pra me lembrar daquelas que eu mesma me cravei. Por favor? Tô precisando daquele gesto irônico da tua sobrancelha me acusando dos crimes tórridos que cometi contra a minha própria humanidade.Tudo que peço agora é um julgamento final, com direito ao teu ar de ira e desprezo. Mas sem me cobrar defesa, porque nem em meu favor eu digo mais. E o nome do monstro eu vou esquecendo à medida que a verdade em mim explode e ele se desfaz, até não ter porquê e do que falar.