25.11.09

Cantada (depois de ter você).

Sabe aquela música que você deseja sua, só sua, de mais ninguém?
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Da Adriana. Na voz da própria Adriana.
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Recomendo.
Me sinto tão mais suave quando não sou eu quem tem o sangue em disparada pelo corpo e sim o outro, que em doses homeopáticas de falta de controle, me deixa perceber sua condição. Mas, ao mesmo tempo, nada me irrita tanto quanto não partilhar disso. A sensação é maravilhosa e eu não tenho quereres pelos sentimentos dos outros, se estes não me afetam de alguma forma. Agora que convivo com a cegueira, boto-me tonta e ingênua no mundo que não hesita em repuxar o enorme braço para apontar a fraqueza dos outros e rir, agora que me encontro idiota, distribuindo baba pelo chão afora e esperando que você me dê as mãos para pularmos e babarmos juntos pelo universo, você se mostra fria e seca, como os personagens dos livros àsperos.duros que me recomenda. Como alguém realista e desesperançoso, os pés calejados pelo chão como ele é: puramente hostil. Pular por ele só traria mais prejuízo, babar seria mais que desperdício de água vital. Agora que sucumbi as minhas próprias bolas imaginárias sem a ajuda de instrumento cirúrgico ou lâmina enferrujada qualquer, você é quem resolve se lembrar do próprio saco escrotal e me amarra na posição da mulher. A mulher que não enxerga além da curva do seu rosto. Literatura falsa e barata, ouié...

9.11.09

Para Nádia, livre de boa poética.

Pois bem, este post é a Jornalista quem me inspira.
Falar sobre amigos, coisa que nunca sei fazer direito porque sempre acreditei que sobre eles não é preciso tecer linhas, apenas compartilhar. Não se fala mal, simplesmente se afasta quando os assuntos desafinam, quando as ideias são quase todas incompatíveis. E nem bem, pois carregá-los no colo pra lá e pra cá em qualquer situação já diz o quanto nos são caros, imprescindíveis. Por minha parte, tamanha sorte me foi legada por boas ações de vidas passadas, talvez, que nesta desfruto de lenços, colos, Stella Lacroix, bocejos, Clarice, Paul Auster, cafézinhos, Marisa Monte, gelinho nos lábios, gargalhadas... Tudo vivido com gente de primeiríssima qualidade.
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- "E reclama tanto da vida, como pode?"
- Ah, estratégia pra mantê-los sempre alertas!
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Um beijo, Jornalista.

Poético.

Porque a verdade em mim se abriu
Como Gregório de Matos grave me saiu
A berrar meu humor-mundo de cão
Mandando à porra a boa educação
Tirar da pena um poema não bonito
Mas esmurrado, roto e fudido
De cada duas rimas pobres em páreo
Rumando todas para a casa do caraleo.
Ainda hoje há homens que podem tudo em relação a nós, mulheres, e sempre haverá. Calma. Antes que feministas ou machonas tentem me atirar do penhasco, explico. Não estou falando de namorados, maridos, ficantes ou amantes, tão pouco de filhos e pais, pelamor... Nenhum desses se encaixa na classe que pretendo definir, simplesmente porque são homens por quem temos apreço.
O médico. Se vou ao consultório e ele me pede para tirar a roupa, nem hesito. Confesso até que vezenquando isso acontece por iniciativa minha: "quer que tire a blusa?". A não ser, é claro, que seja um oftalmologista ou algo assim. Aí hesito uns poucos segundos. Agora, pensem... Que merda é essa? De uma hora pra outra o cara pede pra te ver ali, nua e crua, celulites e estrias à mostra, depois de menos de cinco minutos de conversa. Ele não sabe dos seus traumas, do seu gosto musical, onde te dá cócegas, e já sai querendo te ver por inteiro. E você, que nem costuma atender pedidos assim logo de primeira, imediatamente tira tudo. E quer ainda que ele examine bem devagar pra ficar satisfeita. "E aí, doutor, encontrou alguma coisa? Apalpou direitinho, tem certeza que é só um gânglio? E essa mancha na curvinha, é normal?" Quantos detalhes, gente! Nem pra amante de anos a gente revela tanto. Eu confesso, sempre fico meio incomodada. Seria bom se os médicos levassem um tempo maior conversando com a gente antes de partir pra ação. Um vinhozinho, uma papo sobre livros, uma musiquinha ambiente... Da próxima vez que for ao médico, vou levar um CD da Marisa e um Periquita ao ponto (o vinho, gente maldosa, o vinho...).

8.11.09

Êxtase

Gosto quando me tocas. Dedos rijos a apertar e contornar minhas pequenas curvas. Gosto de tuas mãos ágeis, sincrônicas. Gosto quando encontras o meu concavo e o meu convexo. A ponta dos teus dedos conhecem cada uma de minhas marcas, e com tuas unhas, vezenquando, deixas em mim as marcas tuas. Gosto-te louca, a puxar-me, sacudir-me. Sinto teus polegares impacientes, teus indicadores se agitando, a buscar na resposta minha melhor performance. Em sintonia, somente juntas poderemos vencer. Gosto de sentir teus dedos trêmulos, apressados, quando teu vício e desejo são maiores que tua força. Regozijo-me quando imploras, muitas vezes em voz alta, minha ajuda. Implora impaciente, que eu sozinha seja aquilo que somente através de tuas mãos posso ser. O encaixe perfeito. E assim, para o meu prazer, sempre que me excitas, confias em minhas direcionais teus infinitos caminhos. Pois tens consciência de que, ao meu lado, no final da cena poderás sorrir, exausta e triunfante, ao ler na minha retina que te amo bem mais do que eu poderia saber.

Station Brésil.

Foto: Mariana Linda Aydar by Belle.
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Aconteceu na Torre Malokof, no Recife Antigo.
No calendário datava 04 de novembro de 2009.
Numa noite primaveril tocaram Mariana Aydar, Fernanda Takay, Zeca (o Baleiro) e meia duzia de artistas franceses.
A máxima é que ganhei um autográfo da Mariana, um sorriso da Takay e uma foto (escura) com o Zeca.
E tudo isso foi .d.e. .g.r.a.ç.a.!