Às minhas queridas mães: Anita e Cleide Amorim.
Era uma vez, uma barriga... Uma barriga que crescia, chutava e se deliciava com a vida que vinha e que estava por vir.
Era uma vez um sorriso, um choro, uma vida em sangue puro e quente de duas vidas que jamais se desligariam.
Era uma vez passos, medos, sorrisos e vozes. Vozes de consciência, de aprendizado, do certo e errado e do que ainda está por vir... Grandes desejos, imaginações de duas almas que talvez ainda não se comunicavam por palavras, mas já tinham elos parar todo o sempre.
Era uma vez o primeiro machucado, as risadas, o medo de cair e a vontade de se levantar, as decisões de uma que seria a vida e o orgulho da outra, para sempre uma, para sempre final sem fim.
Era uma vez a confiança, o medo de perder, o conhecimento, a saudade, a vida nos olhos delas que, no fim, era uma querendo ser a outra... por preocupação ou admiração, mas só um gosto, uma colherada, mais um outro abraço e sorrisos que as lágrimas sempre irão enaltecer.
Era uma vez a rebeldia, as mudanças, as discórdias, um mar de rosas onde a cria queria sempre ajudar a mãe, que ela pudesse interpretar o papel que não era seu, mas que havia aprendido com a melhor professora.
Era uma vez a volta, a perda e a superação... Um misto de cores e não cores, mas que sempre seriam a mesma estrada à diante, com tijolos às vezes gastos e podres... outras vezes, com tijolos de ouro que, por se passar, encher de vida os olhos e o coração.
Era uma vez a cumplicidade, a coragem de uma que ensina, a vida que morre por não se tentar e a que nasce no abraço quente que o amor dá.
Era uma vez uma Deusa, uma Fada, a mitologia bela e clara da vida real, de traços soltos e leves, desenhados nela e na vida dela, nobremente escritos ou descritos pela cria que a venera, para sempre.
Eu nasci de duas barrigas, juro.