22.2.11

(Adaptado¹)

Saudações rubro-negras a todos. É assim mesmo, o assunto 1987 insiste em render, arder em mais polêmica, então irei ousar traçar algumas linhas sobre o tema, mesmo que algo a contragosto.

Ainda 1987...

Ontem, a CBF, passados 24 anos (eu tenho 25 só para constar), finalmente adernou em direção ao que apontam os fatos e resolveu formalizar o quarto título brasileiro do Flamengo. A posição, que se insere no escopo de uma pesada guerra econômica e comercial por direitos de TV (aliás, só lembro que esse imbróglio ainda pode render muita confusão. Que não se duvide do surgimento de Torneios Apertura e Clausura, como ocorreu igualzinho na Argentina, justo por brigas de TV), fez com que muitos torcedores flamengos abrissem o peito e urrassem de desabafo, na linha do “SOU CAMPEÃO, PORRA!” Compreensível. Vou propor um exercício que vai exigir do leitor uma terrível capacidade de abstração, uma experiência quase lisérgica, pelo seu absurdo e incompatibilidade com o real, mas preciso desse exemplo para desenvolver minha tese: imagine a final do Brasileiro de 1987 no Mineirão. O gol do título sendo marcado pelo Sérgio Araújo, após passe do meia Renato Paulista, e o Atlético-MG de Telê comemorando seu segundo título nacional. Passados 10, 20 anos, ninguém, a não ser um ou outro cruzeirense mais radical, negaria a lisura e a legitimidade do título mineiro. Pelo contrário, o inofensivo galo mineiro ainda poderia ser reconhecido como um “campeão da ética, da moralidade blá blá blá”. Mas calhou que o campeão não foi o Atlético, o Inter ou outro time meia-bomba desses qualquer. Foi o Flamengo. É aí que reside a polêmica, a busca pela confusão, pelo bate-boca sem sentido. O Flamengo vende. O Flamengo rende. Não vivi aquela época intensamente. Estava numa idade em que ainda não entendia TUDO de futebol, tampouco matava e morria por meus ídolos, mas já sofria nos jogos. Somente anos depois quebrei uma porrada de coisa no gol do Renato Gaúcho no Maracanã. Mas, no entanto, para mim o anúncio empolado de que o hexa é hexa não teve rigorosamente efeito algum. Como diz o Zico, sempre lúcido: “não muda nada”. E não muda mesmo. O Flamengo continua sendo o ÚNICO campeão brasileiro de 1987, seja lá o que diga CBF, Justiça, o Papa e quetais. Quem tem um mínimo de credibilidade e conhece um átimo da história sabe e reconhece esse fato, apondo a contragosto um asterisco imposto por alguma decisão proferida por quem nunca viu bola. Não me interessa ouvir a voz oportunista das carpideiras escovadas em campo pelos pés flamengos. Não me apraz pousar os olhos em textos ressentidos e eivados de desconhecimento, mal rabiscados por gente que à época se divertia com chocalhos e chupetas adocicadas da mamãe, enquanto o Zico arrebentava o resto de seu joelho comemorando a magistral cobrança de falta na gaveta do Birigui. “Foi o Flamengo? Sou contra!” Para esses, já existe o primoroso texto do Tinhorão escrito aí embaixo, só rolar a página. Mas essa história vem me proporcionando momentos deliciosos (epa!). Sim, porque poucas vezes tenho visto uma manifestação tão eloqüente de grandeza e de força flamenga como nesse atribulado e infeliz episódio. E a pequenez rival tem se manifestado em sua forma mais abjeta, mais cristalina. Chegarei lá. Tomemos como exemplo os nossos rivais (cof... cof... pausa para riso) do Rio. Há na empáfia fluminense, no derrotismo botafoguense e na resignação vascaína um traço em comum, ora surdo, por vezes declarado. O grande sonho de um torcedor dessa turma é ser reconhecido como o “Anti-Flamengo” em essência, o alter-ego da uma força que sabe não ser capaz de ombrear. Ocorre que a turma do arco-íris, ao se reconhecer e se projetar um anti-flamenguismo, assume sua pequenez, sua incapacidade de emitir luz própria. O Flamengo é a razão de sua existência, e no fundo cada torcedor coloridinho sabe disso. Busca-se “anti-Flamengo”, e se assume assim, aceita-se dessa forma, ostentando certa dignidade em sua insignificância. Mas a grandeza flamenga suscita outro tipo de reação. Há os arco-íris que buscam sem êxito a supremacia do antagonismo. Mas há quem não queira simplesmente ser o “anti-Flamengo”. Há quem queira ser Flamengo. Aí reside a essência, o âmago da pequenez plena. “eu não quero ser anti-Flamengo, eu quero ser O Flamengo”. De nada vale ter CT’s caríssimos, elenco estelar, elogios maciços na televisão (nem sempre espontâneos), títulos a rodo, nutricionista, fisiologista, personal trainer, psicólogo, podólogo. Falta paixão. Falta amor. Falta intensidade. Falta o que faz do futebol vida, chama, ardor. Falta Flamengo. Não é se autodenominando “O Mais Querido” (depois de arrancar gritinhos e palminhas de uma torcida ao revelar-se tricolor, como a bandeira paulista, desafiando Vargas lá pelos anos 30/40), não é buscando roubar apelidos de ídolos (dando ao brucutu volante Chicão, conhecido açougueiro nos anos 70, o título póstumo de “Deus da Raça”), ou se autoproclamando a maior torcida do Brasil daqui a dez, quinze anos, a despeito de pesquisas que teimam em apontar justo o contrário, que se irá ser Flamengo. Não, não é assim. Porque de repende vem um Ronaldinho, consagrado e entediado por anos e anos de rituais sofisticados, protocolos, fama, organização primorosa e dinheiro, muito dinheiro. Chega o cara, badaladíssimo, e é recebido numa cerimônia mambembe e esculhambada, num tablado escroto com alguém jogando papel picado pra cima com a mão. E o cara sente. E se arrepia. E chora. E na hora vira Flamengo e começa a correr como um louco nos jogos, como se 17 anos tivesse. Sinceramente, eu já fiz mais questão dessa Taça de Bolinhas. Mas que fique no Morumbi. E que se exponha a dita-cuja com destaque, isolada em algum salão nobre de museu. E que seja fartamente iluminada, que cada bolinha irradie uma luz ofuscante, incômoda, caudalosamente amoral. Que o São Paulo esfregue na cara de cada visitante sua incapacidade de ser Flamengo, materializada em uma taça que sabe não ser sua. Expondo nas entranhas do Morumbi uma das glórias flamengas, apenas estará manifestando, da forma mais eloqüente, aquilo que sempre terá perseguido ao longo dos anos e de sua história, sem jamais alcançar. A emoção de representar uma Nação.

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1. Todos os créditos dessa postagem ao Adriano Melo.

Um "foda-se" duplo pros dirigentes do Sport!

"Campeão Brasileiro de 1987 o Flamengo já era desde 1987."

(MONNERAT, André)

Poesia em linha reta

Lembro quando me diziam que um dia as coisas iriam acontecer. Hoje ninguém mais me diz isso porque, teoricamente, 25 anos, a vida já aconteceu. Então. Não aconteceu. A única coisa que aconteceu foi o acúmulo de perdas. E não falo de ser loser, embora eu seja, falo de perder. De perda. De nunca ganhar. De nunca ganhar de quem eu queria.

E sempre que começo a falar sobre isso dá uma brecada. É um amontoado de clichês. Mas desculpa, sabe? É o que tem para hoje. É como eu sempre me senti, desde a infância. Não ter afeto. Vem a consequência. Achar que não mereço o afeto. Achar que ninguém nunca. Então vem alguém e diz "mas que bobeira, é coisa da sua cabeça" e eu só dou um sorriso vazio e assim segue a vida. Porque eu vivo isso aqui. Eu sei que não é coisa da minha cabeça.

Claro que no fim das contas a culpa é toda minha. Eu que não tenho paciência, eu que rechaço qualquer possibilidade, eu que prefiro ficar em casa vendo seriado. Dói menos não viver. Sofre menos quem deixa de procurar. Houve uma época em que eu procurava, eu tentava, e o final era o esperado: eu bêbada chorando.

Reforço que tentei. Passei a assistir a minha vida, e não a vivê-la, no momento em que vivi e soube que não teria nada.

11.2.11

Não sei se eu já comentei aqui, mas eu faço muitos testes de caráter com as pessoas. Forço situações, falo coisas só esperando a reação da pessoa, para aí sim, tirar conclusões.
Obrigada.
Próximo...

Futilidade's Time: BBB 11

A vigésima temporada de SURVIVOR é de 2010, então já sabemos o resultado, por aqui já sabemos quem sai em cada episódio, mas o legal é acompanhar as tramas que envolvem cada votação. A forma como americanos não enxergam problema algum em combinar voto, mentir, manipular, para conseguir o objetivo: vencer. E, claro, no SURVIVOR você tem o esquema a seu favor porque não há interferência do público. O que te permite trapacear sem que o povo bata algum martelo. A grande jogada é construir e manter alianças. Ou, se fingir de morto muitas vezes. Minha percepção vendo SURVIVOR é que mesmo os heróis trapaceiam. E o público aceita. Dentro da questão de que não há ninguém 100% santo. O jogador mais ardiloso foi premiado no final com cem mil dólares por ser o mais popular. Adorei.

No BBB a gente tem o julgamento do público. E por mais que se aceitem Natálias (BBB8), Fanis (BBB7), nós ainda estamos atracados em um pensamento conservador.

Motivo pela qual a Natália, da atual edição, é vista de forma negativa, porque ninguém espera que uma mulher tenha força para liderar. E ela tem. E as pessoas não gostam. Até a Dilma, na eleição, teve que abandonar o ar de durona, no que, acredito, tenha sido uma estratégia muito boa da campanha. Ninguém gosta de mulher assim. Tem que ser doce e tal. E a Natália não é. A Natália manda. Qualquer homem que lidere será visto como um líder apenas. A mulher quando lidera é vista como A MULHER que lidera. Causa desconforto. E nem é um preconceito pensado, é meio instintivo quando não é algo que estamos acostumados.

Então, entraram os novos participantes. E "O Bone - The Boss" tinha a chance de colocar duas pessoas causadoras de grandes eventos e daí me coloca duas portas. Quando olhei pela primeira vez, já sabia. Wesley pegador, Adriana gostosa "me aproximo dos homens, mulheres são falsas". E assim, beleza, até movimenta mais o jogo, fez ciúme nas outras mulheres, está rendendo boas cenas o semi romance com a Maria. Mas ponto. Não há nada além disso. Duas samambaias para fazer parte do grande jardim botânico que está essa casa.

E então temos a votação da casa de vidro. A grande chance de trazer duas participantes que certamente fariam a diferença: Ariadna (minha preferida pra voltar) e Michelly (uó, porém útil). E quem o público traz de volta?
O pobre menino do bem, o gente boa que foi corneado pela namorada má que fazia dream cam. Como se o "menino gente boa" não tivesse dito "qualquer um que chegasse pegaria a Maria". Porque, assim, de onde eu vim, um cara que fala isso é um grande babaca. Como se o próprio tipo do Maurício, fortão, morador de copacabana, vocalista de banda de rock, não significasse nada. Gato, quer enganar a quem? A mim não engana. E lógico que tem gente do BEM com todas essas características, mas a vida não é uma caverna do dragão para você colocar uma plaquinha "eu sou do bem". Defina o bem.

Diego Alemão enganou um país inteiro com um amor fake. Ganhou um milhão, comeu a semi virgem, três meses depois deu um chute na bunda dela e hoje taí: rindo da cara de todo mundo e sendo o mesmo babaca de quando entrou no BBB.

Maurício indo pelo mesmo caminho. O corno do bem que tem a chance de fazer justiça, mas que, como boa samambaia, nem vai fazer nada, só vai dizer "lá em casa a gente recicla o lixo" e assim segue a vida no BBB. "Fala que eu te escuto" tem mais emoção.

Tivemos um paredão ótimo. Cristiano x Rodrigão. Ótimo porque a planta-mor, o pai de todas as samambaias, Rodrigão, é forte para o público UÓ (MIL VEZES UÓ) que vota. Cristiano, que também é forte, tem uma grande chance de chutar essa planta do BBB. Chegou num nível decisivo o jogo. Cristiano ficando era mais uma chance desse programa engrenar, coisa que ainda não aconteceu. Rodrigão ficando é RIP BBB 11 mesmo.

- Volta pro jardim, planta.

Da (in)capacidade de me expressar

A cabeça anda aos borbolhões, mas não consigo colocar nenhuma ideia no papel. Um hiato impressionante e jamais visto. A mente pensa em sapos amarelos roubados no passado. Nos parvos que me aparecem sem pedir licença. Tenho pensando muito na minha mãe, não no sentido romântico da coisa, mas pensando no quanto ela, minha mãe, deve sentir falta e não me dizer. Aliás, neste momento todos devem estar curtindo a chegada da parte brasiliense da família na casa da minha avó. Estou a pensar em como fui mal educada com um colega, simplesmente por entupi-lo de (novas?) informações. "O que os outros tem a ver com a minha dor? Como em milhões e milhões de pessoas nenhuma dessas pessoas legais cruzem o caminho e entupa o coração de borboletas?". Estou tão magoada com essa falta de amor próprio. Esse tipo de coisa me embrulha o estômago. Eu acho que nunca me senti tão indignada. Dá aquela vontade enorme de tomar um chop, de sentar num bar, falar bobagem, encher a cara e eu só penso, com pode isso, meu Deus? é possível tanta falta de amor próprio? Um homem de vinte e tantos anos e definições zero. Onde as pessoas se perdem? Quando elas se perdem? Em que ponto elas jogam a vida fora? Em vários pontos, respondo resignada. Mas, ainda assim, mentiras sinceras ainda não (me) interessam. Afinal, o que me interessa? O que diabos eu tenho a ver com isso? No momento, algo tranquilo, tranquilidade me deixaria bem feliz, a tão falada paz de espírito que acabei de encontrar. Sensação de dever cumprido. Gentileza, quanta falta nos faz. Um bolo enorme na garganta que eu tento fazer descer me entupindo de comida. Porque a vida não pode ser leve? Um pequeno desespero crescendo aqui dentro, confesso. Mais, muito mais coisas para falar, simplesmente não sai. Pode ser tristeza. Pode ser TPM. Ainda não sei. Só sei que o amor próprio quando falta em outrem me dói.